quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Escrita pré colombiana

Descoberta língua do Peru pré-hispânico Documento do século XVI revela que indígenas herdeiros da cultura moche, precursora dos incas, tinham um sistema de escrita próprio por Heloísa Broggiato
Lista anotada no verso de um documento centenário com a tradução dos números em espanhol e em numerais aráicos para a linguagem moche


Não é de hoje que a pechincha é praticada no Peru. Um documento da cultura moche, encontrado em Magdalena de Cao Viejo, no complexo arqueológico de El Brujo, ao norte do país, revela uma discussão sobre o preço de um tipo de tecido datada do século XVI. Mais importante do que a barganha, o verso do documento apresenta uma lista de anotações com a tradução dos números em espanhol para numerais arábicos e para a linguagem moche.

Para Jeffrey Quilter, diretor do projeto arqueológico de Magdalena de Cao Viejo e curador do Museu Peabody, em Harvard, a descoberta mostra que as interações entre os nativos sul- americanos e espanhóis eram muito mais complexas do que se havia imaginado.

O pequeno pedaço de papel foi encontado em 2008, mas a recente análise do documento revela a tentativa de quem o escreveu de compreender o funcionamento do sistema numérico da antiga civilização. Outra revelação importante trazida pelo documento foi a de que o povo moche provavelmente adotava o sistema decimal.

A cidade de Magdalena de Cao Viejo foi construída sobre um antigo templo moche abandonado e tornou-se uma redução, povoado no qual grupos de nativos eram forçados a viver sujeitos às tentativas dos colonizadores espanhóis de civilizá-los e cristianizá-los.

Heloísa Broggiato é jornalista, tradutora, cientista políica e mestre em política internacional e segurança pela Universidade de Bradford, na Inglaterra

terça-feira, 15 de junho de 2010

"Se Eu Fosse Tostão...", crônica de Pedro Salgueiro para o Vida e Arte Especial (29.05)

"Se Eu Fosse Tostão...", crônica de Pedro Salgueiro para o Vida e Arte Especial (29.05)


Poderia contar minha vida passada em número de Copas do Mundo, assim como minha vida futura, acho (vejam bem, acho!) que ainda duro umas cinco copas. Isso quer dizer que já estou, com certeza, no segundo tempo de minha existência, já vivi mais de dez campeonatos mundiais...

Digo mais de dez porque quase vivi o de 1970, não vivi devido a ter apenas cinco anos de idade e ao fato de que em minha pequena e triste cidadezinha ainda não existir televisão. Mas senti o clima todo daquela maravilhosa disputa, senti a alegria geral, a ufania general. Vi os adultos ao redor dos rádios, ouvi muitos gritos de gol. Depois disputamos ainda por muitos anos esta Copa, através dos álbuns de figurinhas dos jogadores, das figurinhas de chicletes na brincadeira do "bate" (se me perguntassem do que mais me lembro da Copa de 70, eu diria que com certeza do cheiro de chiclete impregnado nas mãos... e daquela musiquinha que aprendemos rápido: ``Se eu fosse o Pelé, tomava café``).

Na de 1974, Tamboril já tinha TV, em pouquíssimas residências, é verdade, mas lá em casa só mais umas quatro copas pra frente... Assisti junto com meu pai e uma multidão de pessoas espremidas na sala do tabelião Fernando Farias, que entre uma tragada e outra em sua elegante cigarrilha, soltava um comentário de quem entendia do riscado... Sentado no chão frio da sala, vi o azul nosso ser esmagado pela laranja (depois vim saber mecânica) holandesa, um time que pra nós, que já ensaiávamos nossos primeiros chutes, parecia jogar com 20 endiabrados cabeludos.

Na de 1978, sonhei ser jogador da próxima, tinha todas as revistas Placar e Manchete Esportiva que meu pobre pai conseguia comprar em Crateús através de amigos. Vivia o sonho dourado de quase todo menino: ser craque, ser igual a Zico, Falcão, Ademir da Guia, Enéas, Amilton Melo...

O sonho acabou em 1982, que foi a Copa que brochou toda a minha geração. A partir daquela derrota para a Itália compreendemos que sonhar não era mais possível, que nos restava apenas torcer, mas sem jamais sonhar... Todo quarentão sabe de cor a o nome dos jogadores daquele belo time: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Falcão, Sócrates e Zico; Cerezo (Paulo Isidoro), Serginho e Éder. No entanto esquecemos o nome daqueles que ganharam, depois, duas copas.

As seguintes foram terríveis, vieram a fórceps, a lágrimas, a cervejas, a calmantes...

Hoje, como apaixonado pelo futebol, continuo gostando de copas do mundo, mas não consigo mais me empolgar; às vezes sinto-me até surpreso que algumas pessoas ainda vivam meus antigos sonhos, quando acompanho as festas de bairro minuciosamente preparadas em nossos subúrbios. Pessoas simples que sacrificam muitas vezes o dinheiro da feira pra comprar enfeites, tintas, camisas, pra enfeitarem suas ruas... Sinto que meu sonho de garoto bom de bola ainda sobrevive, mas apenas nos sonho dos outros!

Aí me vem uma vontade nostálgica de bater uma bolinha, mesmo que na calçada de casa com minha filha pequena, e de cantarolar o resto daquela musiquinha da infância: ``Se eu fosse o Tostão, tirava o calção``.

Pedro Salgueiro é escritor e cronista do Vida & Arte.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cientistas identificam possível novo ancestral do homem na África do Sul


Jonathan Amos
da BBC News

Um cientista da universidade de Witwatersrand, na África do Sul, anunciou ter descoberto fósseis de duas criaturas hominídeas com mais de dois milhões de anos, que poderiam ser o elo entre espécies mais antigas e as mais modernas, do gênero Homo, entre as quais está a de pessoas atuais.

Lee Berger afirmou à BBC que a descoberta, nas cavernas de Malapa, perto de Joanesburgo, foi feita por acaso em 2008, quando ele e o filho de 9 anos passeavam no local, identificado como um potencial sítio arqueológico graças a uma aplicativo do Patrimônio Histórico Mundial acoplado ao programa Google Earth.

A descoberta do Australopithecus sediba foi publicada na última edição da revista científica "Science", e os cientistas que assinam o artigo dizem que os esqueletos preenchem uma brecha importante no desenvolvimento das espécies hominídeas.

"Eles estão no ponto em que acontece a transição de um primata que anda sobre duas pernas para, efetivamente, nós", disse Berger.

"Acho que provavelmente todos estão conscientes de que este período, entre 1,8 milhão a 2 milhões de anos atrás, é um dos mais mal representados em toda a história fóssil dos hominídeos. Estamos falando de um registro muito pequeno, um fragmento."

Sepultamento rápido

Muitos cientistas veem os australopitecos como ancestrais diretos do Homo, mas a localização exata do A. sediba na árvore genealógica humana vem causando polêmica. Alguns acreditam que os fósseis podem ter sido da espécie Homo.

O que se sabe é que as criaturas de Malapa viveram às vésperas do domínio da espécie Homo. Inclusive, alguns esqueletos encontrados na África Oriental atribuídas a espécies de Homo seriam até um pouco mais antigos que as novas descobertas.

Mas o A. sediba apresenta uma mistura de detalhes e características como dentes pequenos, nariz proeminente, pélvis muito avançada e pernas longas semelhantes às que temos atualmente.

No entanto, a espécie tinha braços muito longos e um crânio pequeno que lembra o das espécies Australopithecus, muito mais antigas, à qual Berger e seus colegas associaram a descoberta.

Os ossos foram encontrados a cerca de um metro uns dos outros, o que indicaria que eles morreram na mesma época ou pouco tempo depois do outro.

Os especialistas dizem que os fósseis podem até ser de mãe e filho e que é razoável presumir que pertenciam ao mesmo bando.

Não se sabe se eles moravam no complexo de cavernas em Malapa ou se acabaram presos por ali, depois que ter sido arrastados para um lago ou piscina subterrâneos, talvez durante uma tempestade.

Os ossos dos dois espécimes foram depositados perto de outros animais mortos, entre eles um tigre dente-de-sabre, um antílope, ratos e coelhos. O fato de nenhum dos corpos ter sinais de ter sido comido por outros animais indica que morreram e foram sepultados repentinamente.

"Achamos que deve ter havido algum tipo de calamidade na época que tenha reunido todos esses fósseis na caverna, onde ficaram presos e, finalmente, sepultados", afirmou o professor Paul Dirks, da universidade James Cook, na Austrália.

Todos os ossos ficaram preservados em sedimentos clásticos calcificados que se formam no fundo de poças d'água.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Inclusão pela música


Hoje em dia se fala muito em inclusão das pessoas com necessidades especiais, veja nesse vídeo o que a arte é capaz de fazer, principalmente a música, esta por sua vez parece que não tem fronteiras e nem limites para sua contemplação. Veja o que ela é capaz de fazer e aproveite a beleza de canção.

Projeto é esperança para salvar ruínas da Babilônia da água

Projeto é esperança para salvar ruínas da Babilônia da água

Por John Noble Wildford
The New York Times
  • Imagem de 20.06.2009 mostra danos estruturais que  ameaçam ruínas da Babilônia, no Iraque

    Imagem de 20.06.2009 mostra danos estruturais que ameaçam ruínas da Babilônia, no Iraque

A ameaça mais imediata à preservação das ruínas da Babilônia, o local de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, é a água que inunda o chão e destrói o que restou de uma grande cidade da época do Rei Nabucodonosor II, onde hoje é o Iraque.

Essa também é uma das ameaças mais antigas. O próprio rei enfrentou problemas de água há 2.600 anos. A negligência, reconstruções sem cuidado e pilhagem em tempos de guerra também causaram problemas em épocas mais recentes, mas arqueólogos e especialistas em preservação de relíquias culturais dizem que nada substancial deve ser feito para corrigir isso até que o problema da água esteja sob controle.

Um estudo atual, conhecido como projeto Futuro da Babilônia, documenta os danos causados pela água, especialmente associados ao rio Eufrates e ao sistema de irrigação ali perto. O solo está saturado logo abaixo da superfície em locais do Portão de Ishtar e os Jardins Suspensos, há muito extintos, uma das sete maravilhas. Tijolos estão se esfarelando, templos estão em colapso. A Torre de Babel, reduzida a pedregulhos, está cercada de água estancada.

quarta-feira, 31 de março de 2010

HÁ 50 ANOS, A BARRAGEM DO AÇUDE DE ORÓS, COM O AUMENTO DAS CHUVAS ARROMBOU E INUNDOU TODO O VALE DO JAGUARIBE , VEJAM AS FOTOS E OS FATOS HISTÓRICOS!

Açude Orós

Para os cearenses, o principal empreendimento que o ex-presidente Juscelino Kubitschek legou ao estado foi o açude Orós.
Ele providenciou a retomada da construção do açude em 1958, a qual havia sido interrompida desde 1922.
Em 1960, quando as obras ainda estavam em andamento, viveu a população ribeirinha do Rio Jaguaribe e de seus afluentes momentos dramáticos, quando por ocorrência de uma grande cheia o Rio Jaguaribe transbordou e provocou o arrombamento parcial do Açude Orós, desencadeando uma enchente capaz de inundar o Médio e o Baixo Jaguaribe.
A notícia logo se espalhou, e as cidades de: Russas, Aracati, Itaiçaba, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Icó e o distrito de Alto Santo, de nome Castanhão; foram evacuadas pos forças do exército.
Utilizou-se aí, à primeira vez helicópteros no Ceará.
Na luta de socorro as vítimas, estes, prestaram inestimáveis serviços ao povo, que insistia em não abandonar suas casas.
Sobre toda região soltaram panfletos, que anunciavam a catástrofe, tida como certa.
Estima-se que havia mais de dez mil pessoas completamente isoladas e sem grandes possibilidades de fuga, diante da aproximação rápida das águas enfurecidas do Rio Jaguaribe.
Os flagelados se amontoavam nos lugares mais altos, como Poço Comprido, São João do Jaguaribe, Ilha Grande, Quixeré e Tabuleiro Alto, em Russas.
Precisamente às 10 horas do dia 26 de março um terrível estrondo foi ouvido a grande distância. Ás águas armazenadas no gigantesco açude ultrapassaram o nível da barragem e invadiram toda extensão do Vale do Jaguaribe, destruindo o que encontrava pela frente, levando de roldão povoações, cultivos e criações deixando como rastro, a morte, a miséria e o desabrigo, que vitimaram mais de trezentas mil pessoas.
Obra da engenharia nacional, a Barragem Orós, suportou embora em fase de construção, a uma pressão de água em muitas vezes superior ao seu índice de segurança. Todavia, parte da obra teve de ser sacrificada a dinamite para evitar um mal maior que seria a sua distribuição total a um só tempo.
A barragem de Orós, que se mostrava como a redenção daquele solo ressequido foi parcialmente destruída. Mais uma vez o triste espetáculo dos retirantes famintos, repetia-se no sertão do Ceará.
No entanto, não fugiam da seca e sim das águas. Juscelino Kubitschek providenciou ajuda para flagelados e com o final da temporada chuvosa, autorizou o reinício dos trabalhos.
O que você vai ver nesta fotogaleria do ACERVO JOSÉ RASTELLI são imagens históricas do açude Orós, quando a parede da barragem rompeu e inundou várias cidades da região Jaguaribana. São fotos que jamais foram publicadas anteriormente.

Todas as fotos foram batidas no mês de abril de 1960 pelo 1º tenente fotógrafo José Rastelli. Fazem parte do material imagens exclusivas de uma visita do presidente JK ao Ceará, que veio ver os estragos causados pelo acidente.

CIDADE DE ARACATI ALAGADA
JAGUARUANA DEBAIXO D´AGUA
ITAIÇABA TB ALAGADA
TABULEIRO DO NORTE
LIMOEIRO DO NORTE

Assassinato de JK



São raros os momentos da História da humanidade em que se foi possível assistir um fato histórico tão marcante como esse.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Professor de História e os problemas estruturais do ensino

O Professor de História e os problemas estruturais do ensino

Um dos maiores desafios do professor de História é indubitavelmente os problemas de ordem estrutural, embora não sejam, propriamente dito um problema didático do qual é objeto desta pesquisa, merece atenção, pois falar em desafios didáticos de um professor de História, ou mesmo das dificuldades que um docente – novato em sala de aula ou com experiência – em transpor o conhecimento histórico em saber escolar, estão sem dúvidas muito além de simples impedimentos técnicos, que poderiam, dependendo da situação, serem sanados com a criação do hábito de leitura regular, ou com um eficiente e honesto programa de treinamento...

Problemas estes, que vem desde o período Imperial, passando pela República, mais destacando-se no período da Ditadura Militar do Brasil, iniciada na década de 60 (sessenta) do século passado, onde ainda hoje se percebe as seqüelas dos efeitos do que se pretendia implantar na Educação Brasileira, principalmente na disciplina de História.

“... se do ponto de vista do programa curricular, a História no Império dividiu-se entre a História Profana e a História Sagrada, o mesmo não se poderia afirmar sobre a história ensinada. A precariedade das escolas elementares indicavam que entre as propostas de ensino e sua efetivação na sala de aula existiu sempre um hiato...”

(Parâmetro Curriculares Nacionais: História e Geografia, 2001 p 20,.)

Passaram-se mais de um século e os problemas persistem. Percebe-se então, que a grande distancia existente entre a teoria e a prática na educação, não é um problema novo, está inserido no cerne da História da Educação Brasileira, desde os primeiros passos do Brasil como nação, e a questão da estrutura física, como se pode ver no fragmento de texto acima citado, “... a precariedade das escolas...” já denuncia que não se trata de um problema exclusivo das escolas atuais e nem tão pouco deste município.

Com relação a atual realidade das escolas públicas no Município de Timon, segundo alguns professores da rede de ensino municipal, faltam as escolas e que poderiam melhorar a prática docente, são: falta de bibliotecas, salas de vídeo, falta de acompanhamento pedagógico, laboratórios de informática, cadeiras confortáveis, ventiladores, banheiros funcionando e apoio da direção escolar.

É estarrecedor a realidade denunciada por esses profissionais, pois as necessidades apontadas pelos professores não são recursos tecnológicos de última geração, nem algo inovador a realidade escolar, pelo menos deveriam serem das escolas contemporânea, no entanto trata-se de algo indispensável a mais comum e periférica das escolas, tão comum que seria impossível imaginar o desenvolvimento da prática docente sem estes meios, apesar de serem comum no início dos anos 80, encontrar alunos assistindo aula no chão por falta de cadeiras.

Voltando do passeio histórico da educação brasileira, identificou-se que, foi no período da Ditadura Militar no Brasil, que mais se contribuiu para se chegar à trágica situação da educação a que se encontra, e em especial ao ensino de História.

Destarte não se trata apenas de problemas de omissão, ou falta de uma gestão responsável e competente por parte do estado, mas de uma ação comissiva, de cunho ideológico, que pretendia a priori desqualificar a Disciplina de História, e ou mesmo de substitui-la pelas disciplinas: Estudos Sociais, OSPB e etc., como pretendia as forças controladoras do estado durante os governos militares.

“... No ideal do Conselho de Segurança Nacional, que agia no sentido de controlar e reprimir as opiniões e os pensamentos dos cidadãos, de forma a eliminar toda e qualquer possibilidade de resistência ao regime autoritário... No interior desse projeto educacional, o ensino de História constitui-se alvo de especial atenção dos reformadores...” (Fonseca, S/D)

Para o regime militar - o controle da sociedade - era crucial para a manutenção do regime em questão, para isso, era necessário o controle, mediante a educação, do pensamento e da ação dos cidadãos, por meio desta, a Disciplina História, que tem como um dos seus principais objetivos, a formação de um pensamento critico dos alunos tornara-se uma ameaça, assim era necessária a desqualificação desta como disciplina, tal ato, se deu com a portaria número 790 de 1976, onde os professores de História ficaram praticamente as margens, ou melhor, excluídos do ensino do antigo primeiro grau.

Somente a desqualificação da Disciplina História, não seria suficiente, era preciso, elimina-la, dessa forma, tentaram substituir-la, como mencionamos anteriormente por Estudos Sociais e outras, como afirma Selva Guimarães (1995) As mudanças curriculares no ensino de 1º e 2º grau ocorridas com a reforma de 1971, previam a adoção de Estudos Sociais englobando os conteúdos Geografia e História no curso de 1º Grau

A desqualificação da Disciplina História foi o primeiro passo para por em prática os planos do Conselho de Segurança Nacional, tal desqualificação se deu em primeiro momento com o esvaziamento dos conteúdos de História, que aos poucos foi cedendo espaço para as novas disciplinas.

Uma das maiores conseqüências dessa invertida contra a disciplina de História ainda é sentida, por meio da rotulação que a disciplina adquiriu neste tempo como “decoreba” ou seja, como uma disciplina de fácil memorização, já que o direcionamento que foi dado a esta foram para a apologia aos heróis e suas façanhas e comemorações de datas cíveis.

O estereotipo de disciplina voltada para memorização, é tão forte que lamentavelmente muitos professores desta, inclusive com formação em história, lembrando que muitos professores das disciplinas são de outras áreas, trabalham seguindo esta linha de pensamento, assim, é importante fazer o seguinte questionamento, que razões leva um professor de História, a desenvolver conteúdos de forma engessada por uma ideologia de controle e manipulação das massas tão explicita.

Este é um questionamento, que poderá ser melhor esclarecido em capítulos posteriores, onde serão trabalhados a formação dos professores de História.

Este na verdade é outro grande problema, que culminam com os problemas de ordem física das escolas. A formação dos docentes que atuam como professores de história, pois é comum encontrar docentes com outras formações como: pedagogia, português, e até sem formação superior, lecionando disciplinas de Historia, outro agravante que chama atenção e merece uma analise especial é o fato de que algumas escolas, possuírem professores formados em História mas que estão lecionando outras disciplinas como Inglês, ficando a cargo de um outro professor com uma formação distinta de História lecionar-la.

Tal fato leva para uma possível conclusão, que o problema da Disciplina de História ser lecionada por docentes com formação diferente, poderá ser não apenas, uma questão de carência de profissionais especifico da área, já que existia professores com aquela qualificação, trata-se na verdade, de uma problemática de ordem organizacional, que traz a luz um novo questionamento. Quais as intenções dos gestores escolares em fazerem e manterem tal permuta de profissionais e disciplinas?

Deve-se também, destacar outros dois fatores, que se enquadram como principais elementos que contribuem para o fracasso do profissional de história. O primeiro está relacionado a falta de investimentos por parte do poder público em recursos necessários ao ensino, como afirma Schimidt:

“...Um grande conjunto de variáveis pode ser responsabilizado pelo relativo insucesso da renovação do ensino de História, destacando-se, principalmente, o descaso a que vem sendo submetido a educação brasileira por parte das autoridades governamentais. Na verdade, podemos afirmar que o quadro-negro ainda persiste na educação brasileira, muitas vezes como único recurso na formação do professor e no cotidiano da sala de aula. É nesse contexto que podemos falar do significado da formação do professor e do cotidiano em sala de aula, de seu dilaceramento, embate e fazer histórico...” (Schimidt, 2004)

E nos casos em que houve um investimento em equipamento de informática por exemplo, ocorreu por outro lado, uma falta na qualificação adequada para o manuseio deste, pois a questão não limita-se apenas ao uso didático deste recurso na disciplina, mas a própria operação da máquina.

O segundo fator é um problema bem conhecido, e que não é uma exclusividade da classe dos professores, é questão econômica, refere-se a falta de condições financeira por parte dos professores para investirem em: qualificação, compra de livros, viagens, condições estas que se entende como essenciais na melhoria da qualidade do trabalho dos profissionais da educação.

“...Há muito se fala da rudeza do ofício de professor e isto se aplica com pertinência ao professor de História. A sua formação não se restringe a um recurso de História... Formado, o professor de História, como tantos outros, envolve-se com encargos familiares, com a luta pela sobrevivência e quase sempre não dispõe de tempo e nem de dinheiro para investir em sua qualificação profissional. Seu cotidiano é preenchido com múltiplas tarefas: seu tempo de viver é fragmentado, dilacerado pelas preocupações muitas vezes contraditórias entre sua profissão, família e progresso cultural...” (Schimidt, 2004)

Sem falar no lazer, fator importante no equilíbrio emocional de qualquer ser humano, inclusive a do professor que vive no limite entre um estado emocional equilibrado e o stress.

Obs. Este texto é parte da monografia defendida por este auto na pós graduação em metodologia.