quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Religiões Afro-brasileiras

As religiões afro-brasileiras são também conhecidas como religiões negras, pelo fato de suas lideranças estarem nas mãos de pessoas de cor negra que fazem parte do Movimento Negro. “Os cultos afro-brasileiros são assim chamados por causa da origem de seus principais portadores, os escravos traficados da África para o Brasil.” Como afirma Jostein Gaarder em: O Livro das Religiões, (pagina 292.). Jostein nos afirma ainda que, somente no final da escravidão, ou seja, no final do século XIX, é que se deu a organização das religiões afro-brasileiras, tal fato foi possível devido à fixação de algumas levas de escravos nos centros urbanos propiciando um maior número de escravos aglutinados que consequentemente permitiria a conservação de alguns costumes...
No período que vai do século XVI ao XIX, o Brasil foi palco para uma das maiores imigrações em massa da história da humanidade, milhares de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, pessoas das mais diversas etnias e culturas e inclusive religião. “Nesse âmbito de interesse econômico, o continente africano é alvo... de investidas que serviram de cenário para o transporte de milhares de homens... da África para o Brasil, reunindo de diferentes etnias, estágios culturais e religiosos...” (LODY. Raul, Candomblé: Religião e resistência cultural, pag. 07.).
As religiões de cunho afro-brasileiras se formaram em várias regiões do Brasil, mais podemos constatar que os principais focos dessas manifestações religiosas possuem uma grande relação com o comercio triangular que existia na colônia, ou melhor, praticado entre colônia, metrópole e a África, tais manifestações dos cultos afro-brasileiros estão diretamente ligados aos portos do Brasil, “... O vulto que assumiu o tráfico negreiro... provocou um enorme volume de produtos originários... que eram exportados para a África..." (LAPA. José Roberto do Amaral, O sistema colonial. Pag. 78 e 79). Dadas as regiões e suas manifestações afro-culturais e religiosas, vejamos então a sua relação com os principais portos: seguindo a relação do autor José Roberto do Amaral Lapa que fez um levantamento dos portos brasileiros na economia colonial, assim se faz uma relação destes com os cultos praticados na região neles localizados, começamos pelo porto da Bahia que saiam um total de 60 itens, O culto predominante na Bahia é o candomblé, os rituais nagô, queto e ijêxa, permaneceram puros e se aproximando do culto original africano; em Pernambuco saiam ouro, drogas, fumo, açúcar e outros. O culto predominante em Pernambuco é o xangô; Do porto do Maranhão saiam cerca de quarenta e três produtos. Em São Luís do Maranhão, o candomblé sofreu influência da Casa da Mina, com características daomeanas; Do Rio de Janeiro saíram açúcar, fumo entre outros. O culto característico é a umbanda, os diferentes elementos étnicos africanos se misturam com elementos indígenas, católicos e espíritas, apresentam aspectos distintos em seu sincretismo.
Levando em consideração que o negro africano era considerado moeda de troca frente aos produtos brasileiros, fica fácil entender as razões pela qual essas regiões tornaram os principais focos de manifestações das religiões afro-brasileiras já que elas eram os principais pontos de entrada do tráfico negreiro.

Prof. Cleiton Araújo